Para começar a brincadeira, um texto das antigas como resgate - serve também para testar a afinidade do blogueiro com a ferramenta de edição.

O que fazer depois de ser o responsável pelo filme mais bem-sucedido de todos os tempos? Para James Cameron, a única opção foi revolucionar a história do cinema. O autointitulado "rei do mundo" não se contenta apenas como os 11
Oscars e a bilheteria recorde de US$ 1,8 bilhão de seu "Titanic": ele quer mais. E "Avatar" chega hoje aos cinemas com culhão para alcançar tal feito.
As primeiras críticas publicadas no início da semana parecem desfazer qualquer dúvida sobre a proposta revolucionária de "Avatar", duramente questionada após um fraco trailer ser divulgado na internet em agosto. Talvez porque "Avatar" não seja o tipo de filme para ser visto no computador, no DVD ou em até mesmo em cinemas convencionais. Cameron quer chocar as plateias tanto quanto o som direto ou a invenção do Technicolor fizeram no século passado.
Para o diretor, sem nenhum pingo de modéstia, haverá uma nova forma de se pensar e produzir o cinema 3D a partir de "Avatar". Esqueça os objetos arremessados na tela e outras alternativas bregas que vem sendo utilizadas recentemente. "Avatar" propõe a imersão completa do espectador dentro do filme. Você não está apenas assistindo, está vivenciando a história. Por isso, o próprio criador recomenda que sua criatura seja degustada numa sala em 3D (há duas no Estado, em Florianópolis*) ou num gigantesco IMAX (somente duas no Brasil, em São Paulo e Curitiba).
Assim como fez em "O Exterminador do Futuro 2", em 1992, Cameron utiliza todos os recursos tecnológicos disponíveis para criar seu universo fílmico. "Avatar" abusa da captura de movimentos, que era novidade na concepção do Gollum de "O Senhor dos Anéis", mas o leva a uma nova potência. Para isso, se debruçou durante doze anos na criação de novas tecnologias - enquanto elas não estivessem totalmente aprimoradas, "Avatar" simplesmente não seria feito.
Há, claro, uma trama. E quem assistiu "Titanic" ou qualquer outro filme do diretor sabe que o desenvolvimento da história não é o seu forte. Jake (Sam Worthington)é um veterano de guerra paraplégico, enviado em uma missão especial ao planeta Pandora, local habitado pelos Na'vi, uma raça humanóide, e abundante em recursos naturais. Transformado em Avatar (uma reencarnação sua em um corpo Na'vi) para se infiltrar entre os seres azuis, Jake se apaixona por Neytiri (Zöe Saldana) e passa a questionar a validade de sua jornada.
O amor proibido, nascido entre circunstâncias extremas e tendo como pano de fundo um acontecimento maior, já não era novidade nem em "Titanic", há mais de uma década. Nem deveria ser. Cameron opta por estruturas narrativas simples para brincar de deus, criar um espetáculo em pixels e propor uma experiência cinematográfica sem igual. Em "Avatar", diz, Jake incorpora um outro corpo para viver a ilusão de estar dentro de Pandora. Nós, como público, somos levados a fazer o mesmo.
Pelo menos uma marca está consolidada antes mesmo da estreia de "Avatar". Com "O Exterminador do Futuro 2", Cameron foi o primeiro a superar um orçamento de US$ 100 para um filme. Com "Titanic", o primeiro a ultrapassar os US$ 200 milhões. "Avatar" custou US$ 300 milhões (mais US$ 100 milhões em marketing), e o diretor promete não parar por aí. É realmente assombroso, a ponto de se pensar qual o próximo (e gigantesco) passo de quem, acredite, debutou no cinema com "Piranha 2".
*Texto escrito em dezembro de 2009
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