sexta-feira, 24 de junho de 2011

Crítica: "Amor e Outras Drogas"

Já que “Amor e Outras Drogas” tem na saúde o fio condutor de sua fama, nada melhor do que diagnosticar sua patologia logo de início: o filme sofre de uma compulsiva crise de identidade, flerta com o dramalhão, recorre ocasionalmente à comédia e ensaia uma crítica social, mas ao final finca sua proposta no romance. Uma salada de gêneros em menos de duas horas de duração, salva pelo carisma da dupla de protagonistas e o sorriso de 50 dentes de Anne Hathaway.

Ela, a nova queridinha de Hollywood, carrega a produção nas costas com seu par Jake Gyllenhaal. O protagonista é Jamie Randall, mulherengo funcionário de uma loja de eletrônicos que largou a faculdade de medicina para ter uma vida menos atribulada. Quando é despedido por causa de mais uma de suas investidas amorosas, Jamie consegue um trabalho temporário como representantes da indústria farmacêutica Pfizer – isso em meados dos anos 90, pouco antes de seus novos patrões lançarem o Viagra.

A chegada da pílula azul, claro, provoca uma revolução na vida do personagem, agravada ainda pelo encontro com Maggie Murdock (Anne Hathaway), uma bela artista adepta do sexo sem compromisso. Mas esse despojamento camufla a necessidade de Maggie aproveitar ao extremo cada momento da vida. Afinal, a jovem portadora de Mal de Parkinson sabe da fragilidade de sua saúde.

Esse tom episódico da trajetória de Jamie contribui para a mistureba de “Amor e Outras Drogas”. Em alguns momentos, o filme foca nas desventuras do protagonista para colocar seu nome em destaque no concorrido mercado farmacêutico; noutros, é a relação com Maggie que dita as regras, passando de um tórrido romance com direito a várias cenas de nudez de Hathaway até os questionamentos de Jamie em manter o namoro e ver a amada definhando.

Ironicamente, “Amor e Outras Drogas” é só razoavelmente sucedido em cada um desses segmentos. Não é engraçado, não é dramático e denuncia superficialmente o lado negro da comercialização de remédios. Mas se salva pela química do casal. O longa-metragem ganha pontos quando investe no romance porque torcemos pelo amor de Jamie e Maggie.

E nesse quesito Hathaway é a principal responsável. Linda como sempre, ela prova mais uma vez ser uma boa atriz, mesmo com uma personagem irregular que trafega do cômico ao trágico em poucas cenas. Não fosse seu sorriso largo e sua iluminada presença em cena, “Amor e Outras Drogas” não mereceria muita atenção.

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