quinta-feira, 30 de junho de 2011

Projeto de herói

Fracasso nos cinemas, "Besouro Verde" é lançado em DVD

Filme preferido de muitos, especialmente pelos mais românticos, “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” é exemplo de como fazer bom uso de vários elementos da linguagem cinematográfica, desde a fluidez das tramas paralelas até a mise-en-scène que dispensa o uso de efeitos especiais mirabolantes. Pois todas essas virtudes não podem ser aplicadas ao bagunçado “Besouro Verde” – e é estranho o fato de ambos os filmes serem dirigidos pelo mesmo Michel Gondry.

Claro, não dá para comparar quadro a quadro os projetos, mas esperava-se mais do inventivo diretor, um dos mais requisitados no mercado de videoclipes e promovido ao status cult de Hollywood com menos de meia dúzia de projetos. Talvez porque Gondry tenha pirado ao receber pela primeira vez um orçamento generoso, sem contar a responsabilidade de comandar um projeto com claras intenções comerciais, um “filme de férias”.

Aliás, estranheza é a palavra certa para compreender “Besouro Verde”. Com a já duradoura febre dos longas-metragens protagonizados por super-heróis, alguém achou válido adaptar um programa de rádio da década de 1930, levado com sucesso para a televisão em 1960 e responsável pelo lançamento de um tal de Bruce Lee. Mas é pouco provável que o público jovem, principal consumidor desse tipo de produção, vá se lembrar desse histórico.

O protagonista também não é dos mais comuns. Seth Rogen, mais lembrado pelos papéis de desajustados em “Segurando as Pontas”, “Superbad – É Hoje” e “Ligeiramente Grávidos”, interpreta o alter-ego do Besouro Verde, um milionário cansado da vida enfadonha e que se une ao assistente Kato (Jay Chou, no papel que era de Lee) para combater o crime.

No fim da contas, tudo que funciona nos bons filmes de super-herói está em falta no “Besouro Verde”. As cenas de ação são capengas, o humor falho e até as tralhas tecnológicas usadas pelo personagem, grande atrativo da série de 1960, são bem sem graça. E ainda tem Christoph Waltz imitando seu mesmo personagem de “Bastardos Inglórios” e Cameron Diaz imitando sua mesma personagem de “O Máskara”. Muito pouco para um filme que desejava ser o início de mais uma franquia de sucesso e o primeiro passo para Gondry figurar no alto escalão de Hollywood.


Adam Sandler e Jennifer Aniston juntos em "Esposa de Mentirinha"

Há tempos, Adam Sandler não repete o sucesso de “O Paizão” e similares. E há tempos, Jennifer Aniston não consegue se desvencilhar da Rachel Green de “Friends”, até hoje sua grande personagem. A união dos outrora astros em “Esposa de Mentirinha” seria um grande negócio há dez anos – hoje, parece só mais uma das comédias românticas sem graça que chegam semanalmente aos cinemas.

Mas está longe de ser uma bobagem total. Mais contido, Sandler interpreta Danny, um galanteador que sempre se passa por casado carente para conquistar as mulheres e depois dispensá-las já na manhã seguinte. A situação muda quando ele realmente se apaixona, e precisa da ajuda da assistente Katherine (Aniston) para tornar o teatro mais realista.

A personagem de Aniston é leal, inteligente e se mostra bem mais atraente do que o esperado. Em paralelo, a verdadeira paixão de Danny esbanja futilidade e inspira pouca confiança. Basta ligar os pontos para saber o resultado dessa equação, um festival de obviedades compensado por algumas parcas risadas. Só para os fãs do casal, que, aliás, continua em busca de um bom projeto para voltar ao topo.

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