quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A revolução símia em "Planeta dos Macacos: A Origem"

O desfecho do confronto entre humanos e símios sempre acontece num cenário icônico. No primeiro “Planeta dos Macacos”, o astronauta George Taylor descobre ainda estar na Terra ao encontrar as ruínas da Estátua da Liberdade. Já Tim Burton terminou a refilmagem besta de 2001 com seu protagonista, Leo Davidson, às voltas com um novo monumento no Lincoln Memorial. E neste novo “Planeta dos Macacos: A Origem”, o clímax acontece sobre a Ponte Golden Gate.
A repetição não se dá apenas para remeter ao referente clássico de 1968, uma das cenas mais importantes da história do cinema de ficção. É sintoma da complexa relação desenvolvida pelo escritor Pierre Boulle ao lançar “La Planete des Singes” no início dos anos 60 – como conceber um futuro no qual nós, humanos, somos escravizados por animais numa insuspeita inversão de papéis? Profanar ícones norte-americanos (afinal, em Hollywood tudo sempre se resolve lá) é a síntese máxima dessa nossa dominação, de mostrar como o controle do mundo não mais nos pertence.
As questões lançadas pelo primeiro filme, dirigido por Franklin J. Scharffner, se perderam nas quatro sequências e principalmente na refilmagem de 2001, uma bobagem pretensiosa vendida como “a reimaginação de um clássico”. Dez anos depois, o tema é novamente trazido para o cinema com o costumeiro artifício do reboot, o reinício da franquia, uma forma de produzir novos filmes sem macular a história já existente.
É estranho ninguém ter pensado nisso, ainda mais na atual pasmaceira de ideias novas. “Planeta dos Macacos: A Origem” reconstrói o mito criador por Boulle há quase 50 anos a partir de Cesar, o chimpanzé geneticamente modificado cuja reconstrução cerebral pode auxiliar portadores de Mal de Alzheimer. Depois de um acidente, Cesar é levado a um abrigo de animais e percebe os maus tratos dados a outros de sua espécie – é a premissa para uma revolta de proporções inesperadas.
A ala humana do filme é representada pelo cientista Will Rodman (James Franco), o responsável pelas experiências e primeiro a perceber a ameaça causada por sua criação. Mas o ator empalidece frente ao próprio Cesar: pela primeira vez em toda a saga, os símios foram criador por computador e não concebidos por maquiagem. No caso, o líder da revolta foi desenvolvido através do sistema de captura de movimentos do ator Andy Serkis, que já havia feito o Gollum de “O Senhor dos Anéis” e outro macaco, o “King Kong”. É a velha história recontada por uma nova e moderna roupagem.


A trajetória símia nos cinemas


“O Planeta dos Macacos” (1968)
Primeiro filme da saga, mostra a história do astronauta George Taylor (Charlton Heston), que após a colisão de sua nave vai parar num planeta hostil dominado por macacos inteligentes.

“De Volta ao Planeta dos Macacos” (1970)
O filme praticamente repete a trama anterior, agora com o astronauta John Brent em busca do paradeiro da tripulação da primeira nave.

“A Fuga do Planeta dos Macacos” (1971)
Agora os símios são os heróis, com Zira e Cornélius (personagens dos dois primeiros filmes) misteriosamente transportados para Los Angeles na década de 1970.

“A Conquista do Planeta dos Macacos” (1972)
Continuação direta do filme anterior, é o que mais se aproxima do novo “A Origem”. Aqui, Cesar é filho de Zira e Cornélius e o primeiro a liderar a revolução dos macacos.

“A Batalha do Planeta dos Macacos” (1973)
O filme mostra o confronto de Cesar com os gorilas e o processo de dominação dos humanos.

“Planeta dos Macacos” (2001)
A refilmagem ignora os longas-metragens anteriores e se propõe a ser uma reimaginação do clássico, com o astronauta Leo Davidson caindo num planeta onde humanos são escravizados.

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