quarta-feira, 20 de julho de 2011

Camaleão do velho oeste

Melhor animação de 2011, "Rango" é lançado em DVD para deleite dos fãs do western

Em um ano em que a Pixar decepcionou pela primeira vez com “Carros 2” e “Rio” ficou abaixo das expectativas, sobrou espaço para um camaleão errante e suas desventuras pelo velho oeste. “Rango” desponta com o principal favorito ao Oscar de melhor animação em 2012 – e com méritos. Trata-se de um dos filmes mais divertidos da temporada, um deleite para os fãs do mestre Sergio Leone e outros ícones do western.

Prova do talento do subestimado Gore Verbinski, talvez o mais eclético diretor de Hollywood da atualidade. É dele o comando de produções tão díspares como “O Chamado”, “O Sol de Cada Manhã” e, obviamente, a trilogia “Piratas do Caribe”, seu passaporte definitivo para o primeiro escalão do cinema. Mesmo assim, Verbisnki é desconhecido do grande público.

“Rango” ainda se beneficia da ótima dublagem de Johnny Depp – o astro empresta a voz para o personagem-título, um camaleão acostumado à boa vida que acidentalmente cai numa área cidade no Oeste. Confundido com um herói local, ele é o responsável pela difícil missão de descobrir quem é o responsável pelo sumiço do produto mais valioso da região, a água.

Ao contrário da maioria das animações da atualidade (os últimos “Shrek” servem de exemplo máximo), “Rango” usa com sobriedade as referências aos clássicos do cinema. As cenas em homenagem a “Três Homens em Conflito”, “Apocalipse Now” e “Medo e Delírio” surgem organicamente à narrativa, além de representarem bons momentos de humor. O próprio Rango, aliás, encarna um herói ao estilo Clint Eastwood.

O visual é outro grande atrativo. Através da técnica de emotion capture, os personagens animados foram criados a partir das expressões de seus dubladores durante o processo de gravação da voz. Essa dose de realismo, mesmo tratando-se de dar personalidade a anfíbios e répteis, compõe-se perfeitamente com o arrebatador cenário da cidade desértica, que nada deve às grandes composições da Pixar, referência obrigatória nesse quesito.

Com um ritmo mais lento, o que talvez possa desagradar o público infantil, “Rango” se estabelece com uma grande homenagem ao clássico gênero – que, curiosamente, teve ainda na refilmagem de “Bravura Indômita” outro exemplar de sucesso este ano.

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