quarta-feira, 27 de julho de 2011

Lançamento em DVD: "Vips"

O cinema nacional se consolidou com o reconhecimento da crítica e o sucesso de público. “Vips”, ironicamente, serve de exemplo e contra-exemplo para essa retomada: se por um lado mostra maturidade na composição de seu protagonista, um trambiqueiro de trajetória genuinamente cinematográfica, por outro se perde pela falta de cuidado em sua produção. Só para se ter uma ideia, é o próprio Wagner Moura quem interpreta o personagem aos 17 anos, sendo forçado a usar uma peruca ridícula.
Felizmente, passada essa introdução vergonhosa, “Vips” melhora muito ao narrar os primeiros passos da jornada surreal vivida por Marcelo do Nascimento, que na tentativa de realizar o sonho de ser piloto de avião se envolve com traficantes de drogas no Paraguai. É a entrada do personagem para o mundo dos golpes, que com o tempo o leva a se disfarçar de filho de um poderoso empresário e aproveitar um fim de semana de luxo em Recife.
A primeira hora de “Vips” é exemplar. Méritos do diretor Toniko Melo, que sabiamente aposta na cara-de-pau de seu protagonista como grande trunfo para conquistar as pessoas que, posteriormente, passará a perna. Flertando com a comédia, “Vips” ainda se beneficia da ótima atuação de Wagner Moura, numa composição bem diferente do Coronal Nascimento dos dois “Tropa de Elite”: desde a empolgação juvenil até a segurança demonstrada nos golpes mais elaborados, o ator imprime simpatia ao seu anti-herói.
Uma pena que o humor perca força no momento mais importante da história. Até a entrevista dada a Amaury Jr., cena áurea das artimanhas de Marcelo, soa artificial. Mas nada se compara ao clímax, uma tentativa mal sucedida em se criar um momento de tensão. Fora isso há ainda o pavoroso (e irreal) motivo encontrado no filme para que o golpista enverede pelos caminhos do crime, praticamente isentando-o de culpa – além de provocar um sentimentalismo desnecessário.
Faltou, no final das contas, um pouco de polimento à história. Toniko Melo tinha nas mãos uma história fantástica por si só, e não precisava desses exageros para tornar seu filme mais interessante.

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