quinta-feira, 11 de agosto de 2011

"Super 8": a auto-homenagem de Spielberg

Dois temas são majoritários em praticamente todos os filmes dirigidos e/ou produzidos por Steven Spielberg: a paternidade e as descobertas da adolescência. Vale revisitar seus principais clássicos, como “E.T. - O Extraterrestre” (1982) e “Goonies” (1985), para perceber a inserção muitas vezes forçada desses elementos à trama. “Super 8” é a unificação dessas duas temáticas, quase uma homenagem autorreferente.
Para marcar ainda mais essa celebração, o nerd dos anos 80 convidou o nerd dos anos 2000 para comandar sua brincadeira. J.J. Abrams, o homem por trás do fenômeno pop “Lost” e já escolado das re-imaginações com a nova versão de “Jornada nas Estrelas”, assumiu o comando. Não deixou de colocar seu pitaco na história: assim como a já citada série de TV e, em especial, o longa-metragem “Cloverfield – Monstro” (do qual foi produtor), o mistério dita o tom da produção.
Aventura adolescente, paternidade, mistério e alienígenas – outro item bastante explorado por Spielberg e Abrams. “Super 8” tem cara de filme da década de 1980 em nova embalagem, e é para ter mesmo. Tanto que um dos cartazes foi ilustrado por Drew Struzan, o homem por trás das peças publicitárias clássicas das sagas “Indiana Jones” e “Star Wars”. Abrams ainda assumiu que as naves espaciais foram fortemente inspiradas no modelo utilizado em “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”.
O sexteto de jovens protagonistas segue a linha oitentista, como no já citado “Goonies” e em “Conta Comigo”. A história começa quando os amigos Charles, Joe Lamb, Cary, Martin, Preston e Alice, com idades entre 13 e 15 anos, decidem produzir um filme de ficção científica na cidade onde moram. Durante uma das gravações, o grupo grava um estranho acidente com um trem de carga – e ao rever as imagens percebe que o descarrilamento foi provocado por algo não humano. Logo, até o exército está atrás das imagens registradas pelos amigos, que tentam descobrir a verdade do acidente.
Não por acaso, a trama de “Super 8” se passa no verão de 1979. Spielberg e Abrams, que viveu a infância nessa época, fazem questão de ressaltar como aquele tempo era mais inocente e divertido, tanto na vida quanto no cinema. Apoiado nessa nostalgia, “Super 8” tenta ser um blockbuster inteligente e que mostra como há pouco tempo os chamados “filmes de férias” investiam muito mais em suas histórias e personagens do que no arroubo visual.

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