quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A Pixar e o legado de Steve Jobs no cinema

Difícil imaginar que daqui alguns anos os modernosos iPads e iPhones darão lugar a equipamentos mais sofisticados, colocando-os no mesmo patamar obsoletos dos hoje jurássicos Macintosh e iMac. Deste legado deixado por Steve Jobs, morto na última quarta-feira, as criações da Pixar Animation Studios parecem as poucas com o mesmo frescor de novidade mesmo depois de tantos anos de seu lançamento e dos surpreendentes avanços na animação computadorizada.

De “Toy Story” a “Carros 2” foram mais de US$ 7,1 bilhões arrecadados nas bilheterias mundiais. É, de longe, o estúdio de cinema mais sólido de Hollywood na atualidade, com um público fiel e uma gama de personagens comercializados em produtos licenciados. A ponto de a Disney comprar a Pixar por temer que esse parceiro altamente lucrativo estabelecesse negócios com concorrentes.

Foi Steve Jobs quem primeiro enxergou o potencial do grupo fundador da Pixar, comandado pelo gênio criativo John Lasseter. Na metade da década de 1980, numa divisão da Lucas Arts, Lasseter e outros três funcionários usaram o tempo livre para desenvolverem testes em animação computadorizada, com o sonho de um dia produzirem um longa-metragem totalmente gerado em computador. Com o uso de elementos geométricos simples, o quarteto criou os curtas-metragens “Sigraph”, “Luxo Jr.”, “Red´s Dream” e “Knick Knack”.

Apesar do sucesso tecnológico, a Lucas Arts reduziu os investimentos na Pixar porque tais curtas não geravam lucro. Daí surgiu o toque de Midas de Steve Jobs: o fundador da Apple transformou a divisão num estúdio de animação, investiu pesadamente em Lasseter (decisão que criou um rombo financeiro num primeiro momento) e deu carta branca para o grupo criar. O primeiro trabalho dessa nova fase foi “Tin Toy”, contada sob o ponto de vista de um brinquedo.

A história, obviamente, serviu de inspiração para “Toy Story” em 1995. O longa-metragem só saiu depois dos criadores da Pixar estarem satisfeitos com o desenvolvimento de personagens humanos - apoiados pela poderosa Disney e uma injeção de US$ 26 milhões, a equipe de Lasseter deu início a uma revolução na produção de animações em Hollywood. Em 2006, a Disney comprou a Pixar por quase US$ 8 bilhões, tornando Steve Jobs o maior acionista individual do estúdio criador do Mickey Mouse.

Fora o barulho produzido pelos longas-metragens, a Pixar manteve a produção de premiados curtas como “Geri´s Game”, “For the Birds” e “One Man Band”, entre outros, todos exibidos antes dos filmes nos cinemas. Boa parte desse material está disponível no Brasil no DVD “Pixar Short Films”, assim como a história do estúdio de animação pode ser vista no documentário “The Pixar Story”. Uma história que só existe graças ao visionário Steve Jobs. “Ele nos deu uma oportunidade e acreditou em nosso sonho maluco; a única coisa que ele sempre disse foi para simplesmente ‘que seja ótimo’”, disse Lasseter, em comunicado oficial.

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