quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

"Lanterna Verde", o herói sem brilho

Na mitologia criada por Martin Nodell e Bill Finger, são 3,6 mil integrantes na Tropa dos Lanternas Verdes responsáveis pela paz da galáxia – nem mesmo Hal Jordan, o primeiro terráqueo a integrar o grupo, se manteve no posto de defensor do nosso planeta nos mais de 70 anos do personagem. Tamanha complexidade, muito além até de outros heróis da DC Comics como Batman e Superman, dá uma ideia da inglória tarefa de levar “Lanterna Verde” aos cinemas.O resultado, como se sabe, não foi dos mais felizes e a franquia tem seu futuro incerto mesmo com o gancho deixado na cena pós-creditos do longa-metragem dirigido por Martin Campbell. O diretor, aliás, foi convocado para adaptar “Lanterna Verde” por ter experiência em reviver heróis nos cinemas, como Zorro e James Bond. Mas não há um traço autoral na produção: “Lanterna Verde”, aliás, não se decide em ser um filme estritamente comercial ou se trilha a linha mais realista dos Batman de Christopher Nolan.
A construção de Hal Jordan (Ryan Reinolds) é exemplar nesse sentido. Não basta ser um piloto destemido para torná-lo apto ao posto de super, é preciso lapidá-lo com um trauma de infância (no caso, a morte precoce do pai) e ainda inserir um relacionamento amoroso mal-sucedido. Hal Jordan, no filme, precisa amadurecer também como pessoa para estar pronto para vestir o uniforme verde e aprender a lidar com seus poderes, numa batida cena de treinamento.

Da mesma forma, a criação dois vilões se mostrou um grande equívoco. Com tanta coisa a se explicar, deixa para um sem-número de péssimos diálogos expositivos, fica difícil dar conta da metamorfose de Hector Hammond, a ameaça terrestre, e da entidade Paralax, a ameaça galáctica. Assim falta tempo para momentos importantes como a primeira aparição pública do herói, que de tão mal desenvolvida chega a ser risível - aparentemente os coadjuvantes e figurantes estão acostumados a ver homens voadores tamanha falta de impacto provocado pelo Lanterna Verde.

De certa forma, “Lanterna Verde” lembra outra famigerada adaptação de personagem da DC Comics, “Batman & Robin”. É fruto da megalomania de Hollywood para criar uma série de sucesso, mas que não atenta para a construção de uma sólida história antes de transformá-la em produto. “Lanterna Verde” é até uma bobagem divertida, mas uma bobagem que custou US$ 300 milhões.

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